quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Estréia Kino Beat_ensaios




O Festival Kino Beat em parceria com o Translab abre um espaço permanente de investigação e estudos sobre som, imagem e tecnologia. Entre as edições do Festival os Ensaios servirão para experimentar possibilidades criativas e aprender novos recursos. Para profissionais, entusiastas e curiosos.


Programação:

16h- Reflexões e críticas da arte digital e seus desafios como dispositivo de inovação social. // Palestra com a curadora, crítica de arte e diretora do Paço das Artes de São Paulo, Daniela Bousso.

18h - O DJ Leo Felipe apresenta sua pesquisa em free & spiritual jazz, focando em artistas como Sun Ra, Pharoah Sanders, Albert Ayler, Mingus & Trane, Eric Dolphy, Carla Bley, Ornette Coleman, entre outros

19h- Carina Levitan & Trio em conjunto com a Cartel Graphics. A partir de uma livre interpretação visual das músicas de Carina, a Cartel Graphics criou vídeos que serão projetados com trilha ao vivo de Carina & Trio. Usando técnicas como animação 3D, stop motion, fotografia e ilustração, os vídeos retratam um universo bem humorado de psicodelia pop .

Carina Levitan & Trio executam as músicas que inspiraram os vídeos, tendo agora as imagens como inspiração para os músicos improvisarem.
Tambor de fita crepe, brinquedos, butijão de gás, theremin, kazoo caseiro, cacarecos e experimentos eletrônicos diversos compõe o palco junto com instrumentos ditos convencionais.

A Cartel Graphics é um estúdio de motion e arte situado em Porto Alegre que vem realizando e colaborando com diversos projetos artísticos e exposições ao redor do mundo, envolvendo música, cinema e teatro. Além de oferecer soluções criativas para agências, produtoras e canais de TV.

Motion designers:

Celso dos Santos Junior
Ronaldo Sabin
Sandré Sarreta

http://www.cartelgraphics.com/

Carina Levitan compõe com voz e violão e constrói variados instrumentos musicais e esculturas sonoras com objetos não convencionais e do cotidiano. Interessada por experimentar a sonoridade de diversos objetos, materiais e aparelhos eletrônicos, trabalha com trilha sonora para audiovisual, performances e instalações.

www.carinalevitan.com

Músicos:

Carina Levitan (voz e violão + maleta)
Daniel Almaoe (percussão e voz + cacarecos)
Carlos Ferreira (guitarra e efeitos + theremin)
participação especial: Cláudio Levitantan (banjo-bandolim)



Casa Dulpan146 - Rua Professor Duplan, 146 - Bairro Rio Branco
Entrada gratuita
A partir das 16h

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Mostra ArteSônica em Belo Horizonte

A Mostra que acontece em Belo Horizonte entre os dias 18 e 22 de junho é parceiro do Festival Kino Beat desde sua primeira edição e tem como um dos seus curadores o curador do Kino Beat Gabriel Cevallos. Fica o convite para quem estiver na cidade, toda a programação é gratuita.


domingo, 11 de maio de 2014

Fotos do Festival Kino Beat no Teatro do SESC


                                                                  DJ Landosystem



                                                                     Diego Abelardo




                                                                 Orquestra Vermelha


 
                                           Mais fotos do primeiro dia do Festival



                                                                     DJ Kahara



                                                                         OPALA





                                                                    Fernando Velazquez




                                                      Mais fotos do segundo dia do Festival

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Set Warm Up DJ Kahara

Set gravado pelo DJ Kahara na segunda noite do Festival Kino Beat, dia 27 de abril no café do Teatro do SESC Porto Alegre.

domingo, 27 de abril de 2014

SEGUNDA NOITE DO KINO BEAT ACONTECE HOJE

A noite de hoje segue com programação do Festival Kino Beat. A partir das 18h, o duo Opala sobe ao palco, seguido de Mindscapes, projeto de Fernando Velázquez.

Domingo 27/04

17h abertura com o DJ Lucio Kahara no Café Sesc
18h - Abertura do Teatro
Opala (RJ)

Duo de indie-pop-eletrônico formado pelo produtor musical Lucas de Paiva e a cantora e compositora Maria Luiza Jobim, filha do maestro Tom Jobim. Por influência de Vangelis, The Knife, XX, e pela sutileza da cultura nipônica, brota a musicalidade da dupla, alternando climas etéreos e descontração em suas composições. Participação de Fernando Velazquez coordenando os visuais da apresentação.

Fernando Velazquez apresenta Mindscapes (Uruguai/SP)

Performance audiovisual executada pelo uruguaio Fernando Velazquez. Explora a ideia de paisagem relacionada a atividade cerebral, ao pensamento e ao imaginário. A pesquisa recorre a algoritmos generativos e técnicas de improvisação audiovisual em tempo real, especulando esteticamente as relações entre os dispositivos que nos influenciam o modo como percebemos o mundo, construímos o conhecimento e articulamos memórias.


Serviço:
27/04 (18h)

Local: Teatro do SESC (Avenida Alberto Bins, 665 – Centro).
Os ingressos serão distribuídos 1 hora antes das apresentações na bilheteria do Teatro do SESC (Avenida Alberto Bins, 665 – Centro). 
Telefones: (51) 3284-2070 (51) 3284-2007

obs. Não será permitida a entrada após o início das apresentacões.

sábado, 26 de abril de 2014

É HOJE - ESTREIA FESTIVAL KINO BEAT

A partir das 19h de hoje, o Festival Kino Beat tem a sua estreia oficial. No palco, Diego Abelardo, de Porto Alegre, apresentando a sua Agnostic Orchestra, seguido de Matheus Leston e a sua Orquestra Vermelha.

sexta-feira, 25 de abril de 2014

PRIMEIRA EDIÇÃO DO FESTIVAL KINO BEAT ESTREIA AMANHÃ

Ilustração de Diego Abelardo, uma das atrações da primeira noite do Festival
Neste sábado, dia 26, estreia a primeira edição do Festival Kino Beat.

A partir das 18h, o DJ Landosystem faz o Warm Up no Café Sesc. Após, Diego Abelardo apresenta a sua Agnostic Orchestra, seguido da Orquestra Vermelha de Matheus Leston.

Para conferir informações sobre ingresso e sobre as atrações, clique aqui.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

CRONOGRAMA FESTIVAL KINO BEAT



Sábado 26/04 – 19h


Abertura à partir das 18h com o DJ Landosystem no Café Sesc.

Diego Abelardo apresenta Agnostic Orchestra (POA)


Músico, cantor e poeta. Executa pela primeira vez ao vivo seu trabalho autoral, fruto de uma experimentação teimosa entre instrumentos e samples, num processo eletroacústico de arranjos e mixagem que demorou 8 anos para ser concluído.

Orquestra Vermelha (SP)


A Orquestra Vermelha criação do artista multimídia Matheus Leston investiga as contradições entre virtuosismo e música eletrônica, gravação e ao vivo, presença e ausência, música e imagem. A orquestra é, na verdade, um quinteto, mas apenas um dos músicos está no palco. Os outros são sombras, exibidas em tamanho real em grandes telas.

Domingo 27/04 – 18h

Abertura a partir das 17h com o DJ Lucio Kahara no Café Sesc.

Opala (RJ)

Duo de indie-pop-eletrônico formado pelo produtor musical Lucas de Paiva e a cantora e compositora Maria Luiza Jobim, filha do maestro Tom Jobim. Por influência de Vangelis, The Knife, XX, e pela sutileza da cultura nipônica, brota a musicalidade da dupla, alternando climas etéreos e descontração em suas composições. Participação de Fernando Velazquez coordenando os visuais da apresentação.

Fernando Velazquez apresenta Mindscapes (Uruguai/SP)

Performance audiovisual executada pelo uruguaio Fernando Velazquez. Explora a ideia de paisagem relacionada a atividade cerebral, ao pensamento e ao imaginário. A pesquisa recorre a algoritmos generativos e técnicas de improvisação audiovisual em tempo real, especulando esteticamente as relações entre os dispositivos que nos influenciam o modo como percebemos o mundo, construímos o conhecimento e articulamos memórias. 


Serviço: 

Quando: 26/04 (das 19h) e 27/04 (18h)

Local: Teatro do SESC (Avenida Alberto Bins, 665 – Centro).
Os ingressos serão distribuídos gratuitamente, de 22 a 25 de abril retirada somente para comerciários. Público em geral 1 hora antes das apresentações na bilheteria do Teatro do SESC (Avenida Alberto Bins, 665 – Centro). Telefones: (51) 3284-2070 (51) 3284-2007

Programação:
Sábado, 19h
Diego Abelardo e a sua Agnostic Orchestra
Orquestra Vermelha

Domingo, 18h
Opala
Fernando Velázquez




terça-feira, 22 de abril de 2014

A TECNOLOGIA NO PROCESSO CRIATIVO





Quando ouvimos falar em inovação, é comum pensarmos em artefatos tecnológicos, e uma infinidade de gadgets que surgem a todo estante. No entanto, a inovação também está associada a processos de criação que refletem na forma como artistas desenvolvem sua arte. O Curador do projeto Kino Beat Gabriel Cevallos, conversou com o arquiteto e artista Bruno Borne sobre estes processos criativos que englobam novas metodologias.

A atual cena contemporânea entre arte e tecnologia oferece amplas oportunidades para artistas refletirem sobre esses novos desafios, sobre os novos processos de trabalho. Para Bruno o fator decisivo para o seu processo criativo está na relação com o espaço (local) em que se irá trabalhar, para criar uma adequação tecnológica.

“Os conceitos determinantes de trabalho são a relação do espaço para expor, a chamada site-specific e a utilização de reflexões e espelhamentos. Já que tecnologia também exige uma sistematização da produção, que precisa ter etapas bem definidas de trabalho e bastante pesquisa. Ela possibilita que eu realize sozinho, tarefas que precisariam de grandes equipes de profissionais e muitas horas de trabalho. Ao mesmo tempo, ela também limita algumas escolhas que dependem de padrões de software ou hardware. A medida que tenho exposto cada vez mais também percebo que a tecnologia também tem um lado "dramático" até pela sua complexidade e certa "precariedade" dos objetos tecnológicos. A luz pode faltar/ou desligar, projetores queimam, computadores travam, tudo isso ameaça o trabalho que simplesmente deixa de existir quando estes problemas acontecem.” , completa Bruno.

Para concluir o curso em Artes Visuais, o artista trabalhou com o tema “A imagem é sempre virtual” no qual aborda a virtualidade das imagens. O artista fez alusão a uma característica dos espelhos convexos, que sempre produzem imagens virtuais, segundos conceitos da física. E este é o ponto central dos trabalhos de Bruno, que relaciona o real e o virtual de forma em que ambos se tornem convergentes.

“A palavra virtual é uma palavra que é relacionada com a criação, com o que não existe mas que é possível de existir ou de se imaginar. Portanto, vejo que toda a criação artística, poética ou ficcional em essência lida com a virtualidade. Ao mesmo tempo, também acho que a virtualização é um processo que é muito intenso na nossa vida contemporânea, então tratar dela é discursar sobre um tema que está muito presente em nossas vidas”.

Por ter formação em arquitetura e gosto por computação gráfica , Bruno utiliza dessas ferramentas para os seus processos criativos, no qual são sempre experimentadas em modelos 3D, mas mesmo optando por ferramentas digitais Bruno não se considera um artista digital e sim um artista contemporâneo.

http://cargocollective.com/brunoborne





Quando: 26/04 (das 19h) e 27/04 (18h)

Local: Teatro do SESC (Avenida Alberto Bins, 665 – Centro).

Os ingressos serão distribuídos gratuitamente, de 22 a 25 de abril retirada somente para comerciários. Público em geral 1 hora antes das apresentações na bilheteria do Teatro do SESC (Avenida Alberto Bins, 665 – Centro). Telefones: (51) 3284-2070 (51) 3284-2007

Programação:

Sábado, 19h:
Diego Abelardo e a sua Agnostic Orchestra
Orquestra Vermelha

Domingo, 18h:

Opala
Fernando Velázquez



segunda-feira, 21 de abril de 2014

A MÚSICA ELETRÔNICA NAS INSTITUIÇÕES E A CONSTRUÇÃO DE UM NOVO PÚBLICO

O curador do projeto Kino Beat Gabriel Cevallos, conversou com Marcos Guzman produtor e curador do Green Sunset, sobre a música eletrônica nas instituições e a construção de um novo público. A Green Sunset é uma festa mensal que une música e arte no Museu da Imagem e do Som (MIS) em São Paulo.

 Para Marcos, que começou a se relacionar com a música eletrônica em museus e espaços como o SESC-SP entre outros no ano 2000, o objetivo da disseminação eletrônica é trazer um som independente e desmistificar o batidão reto e acelerado.

“Ativar e requalificar através desses eventos os espaços públicos da cidade, evidenciar a melodia, harmonia, e construções inusitadas para aproximar e elevar a música eletrônica ao mesmo status de arte contemporânea”, completa Guzman.

E isto se torna evidente com a grande aceitação do público com as edições do Green Sunset, criado há quatro anos por Marcos e que teve um impulso do atual gestor do MIS, André Strum que apostou no evento trazendo mais estrutura e tornando-o mensal.

“André é um profissional visionário que consolidou o projeto que serviu de inspiração e modelo para uma serie de grupos e coletivos que replicaram o evento”, afirma o curador do projeto.

Por São Paulo ser uma grande metrópole mundial, que abraça e concede vários eventos alternativos, para Marcos toda vez que se cria algo novo a aceitação vem aos poucos.

“É uma construção lenta, tijolo por tijolo, acho que é assim que deve ser, pois hoje é melhor que há 10 anos atrás, que já era melhor que há 15 anos e assim seguiremos evoluindo ”, completa.

sábado, 19 de abril de 2014

COMO RETIRAR O SEU INGRESSO PARA A PRIMEIRA EDIÇÃO DO KINO BEAT

Se você já está se preparando para o Kino Beat, fique de olho em como retirar o seu ingresso! Não esqueça que eles serão distribuídos gratuitamente, do dia 22 a 25 de abril somente para comerciários, na bilheteria do Teatro do SESC (Avenida Alberto Bins, 665 – Centro). Para o público geral, eles estarão disponíveis nos dias do evento, 1h antes das apresentações.

 Lotação: 250 pessoas.

 Sábado, dia 26 de abril
A partir das 18h, o Café SESC abre para um warm-up com o DJ Landosystem.

 Domingo, dia 27 de abril
A partir das 17h o Café Sesc abre, dessa vez para um warm-up com o DJ Kahara.

 Nos vemos por lá?

sexta-feira, 18 de abril de 2014

quinta-feira, 17 de abril de 2014

WARM UP: 5 TRABALHOS QUE VOCÊ VAI VER E OUVIR NO FESTIVAL KINO BEAT

A primeira edição do Festival Kino Beat acontece nos dias 26 e 27 de abril, no Teatro do SESC, em Porto Alegre. É um evento de música contemporânea e performances audiovisuais multimídia.

O que você vai ouvir por lá? Para os curiosos, aqui vai um aquecimento com as atrações. Depois é só curtir ao vivo:

 Orquestra Vermelha, de Matheus Leston. Veja o making of com Eddu Ferreira e Gustavo Boni

 Fernando Velázquez com o projeto Mindscapes

 O duo carioca Opala Para baixar o EP completo, clique aqui. (é de graça)

 Diego Abelardo apresenta Agnostic Orchestra Vol. 1 - Fragmentos do 8:

terça-feira, 15 de abril de 2014

O QUE MOVIMENTA A OPALA



Maria Luiza Jobim carrega o sobrenome do pai, o maestro Tom e toda a sua musicalidade. Com influencias do jazz, rock e musica eletrônica a carioca criou sua própria identidade e juntamente com Lucas de Paiva criou um duo inidie-pop-eletrônico, a OPALA, que traz elementos novos provocados principalmente pelo seu vocal.

Com influências de Nite Jewel, The Knife, Jai Paul e pela cultura nipônica, o primeiro EP homônimo, foi gravado na casa de ambos e possui cinco faixas. Absence To Excess é umas delas e abre o EP com batidas marcadas que convergem entre o minimalismo e o dançante.

Lucas de Paiva costuma trabalhar com artistas da nova cena musical, como SILVA e Mahmundi, sofisticando eletrônicamente suas sonoridades. O trabalho da dulpa segue nessa linha que está desbravando a nova cena da música eletrônica do Rio de Janeiro.

Confira as entrevistas que a dupla concedeu para os sites Dont Touch My Moleskine, Rock In Press, TPM e Noize.

Conheça um pouco do trabalho da OPALA aqui. 


segunda-feira, 14 de abril de 2014

TUDO O QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE O KINO BEAT

Se você já está se preparando para a primeira edição do Festival Kino Beat, algumas informações podem ser úteis. Confira alguns detalhes pra você ficar por dentro:

Quando acontece? 
O Kino Beat acontece nos dias 26 (sábado) e 27 (domingo) de abril de 2014. No primeiro dia, a abertura do Teatro é a partir das 19h, com distribuição de ingressos uma hora antes. Já no domingo, a função acontece um pouquinho mais cedo, abrindo para os ingressos as 17h, e para as atrações às 18h.

Onde? 
O Kino rola no Teatro do SESC (Avenida Alberto Bins, 665 – Centro).

Quanto? 
Totalmente gratuito!

Como eu retiro meu ingresso? 
Os ingressos serão distribuídos gratuitamente, de 22 a 25 de abril retirada somente para comerciários. Público em geral 1 hora antes das apresentações na bilheteria do Teatro do SESC (Avenida Alberto Bins, 665 – Centro).  Telefones: (51) 3284-2070 (51) 3284-2007
 
Quem vai tocar? 
No sábado quem sobe ao palco do Teatro é Diego Abelardo e a sua Agnostic Orchestra, seguido da Orquestra Vermelha. Já no domingo, o som fica por conta do duo Opala e de Fernando Velázquez.

DIEGO ABELARDO APRESENTA O PROJETO AGNOSTIC ORCHESTRA NO FESTIVAL KINO BEAT

O projeto Agnostic Orchestra Vol. 1 – Fragmentos do 8, de Diego Aberlardo, mistura samples e instrumentos em uma contradição de estudo e experimentação - que levou oito anos para ser concluído.  O resultado é complexo.

A música eletrônica acrescenta muito na criatividade e possibilita recursos infinitos para a criação de qualquer gênero musical,  mas ainda é preciso um ser humano para controlar a máquina, e isso faz toda a diferença no resultado final. Digo que valorizo quem faz, não como faz“, comenta Abelardo.

Para entender melhor, confira nossa entrevista. E prepare-se para o Festival Kino Beat.

Como surgiu a ideia do projeto Agnostic Orchestra?
Eu já vinha experimentando sons desde 2003, calcado diretamente na intenção de produzir instrumentais de rap; os famosos “beats”. Até 2006 já tinha, de certa forma, compreendido a concepção de produção eletrônica neste campo; partindo apenas de samples e loops de bateria com variações simples, sem nenhum conhecimento musical formal, mas de total empenho na pesquisa de sonoridade.
No mesmo ano, decidi começar a estudar música formalmente e, consequentemente, me veio a ideia de registrar esse processo de desenvolvimento artístico e técnico.

O nome Agnostic Orchestra veio para ilustrar - como uma brincadeira entre orquestras religiosas e o sentido vulgar de agnosticismo ser o meio termo da fé – onde eu, buscaria um compromisso com a musicalidade, mas sempre mantendo o experimentalismo, que me fora a raiz inicial na música.

Quais foram as principais inspirações para o projeto?
O álbum Coisas, do maestro Moacir Santos, onde cada música leva o título de Coisa (com seu respectivo número), foi a inspiração principal para eu organizar o projeto em Fragmentos. Musicalmente passo longe da concepção do maestro, mas vejo a inspiração para além de uma fidelidade musical.

O jazzista/pianista Sun-ra, vindo lá de Saturno, me deu tranquilidade nos momentos em que a musicalidade parecia se perder em fluxos de consciência através de meus improvisos pouco técnicos. A liberdade que ele teve de se colocar como um músico de outro planeta, me incentivou a livre criação e desenvolvimento de uma linguagem própria, mesmo que não convencional.

A pianista Carla Bley também foi de muita importância para a composição dos fragmentos. Sua relação síntese rítmica; o minimalismo “malandro” em seus arranjos, me sugeriram muitas ideias que se concretizaram em Fragmentos ou não.

Madlib foi o cara que me deu a ideia da mixagem, das texturas; das sujeiras no som. É dele que vem a experimentação e mistura de samples com gravações próprias: O processo eletroacústico focado em timbre e ritmo urbano contemporâneo.

O projeto enxerga a música como uma fórmula matemática perfeita. Como o experimentalismo se encaixa neste contexto?
Toda a música gravada é uma fórmula matemática perfeita, se pensarmos em disco de vinil, tape ou computador – os acertos matemáticos estão presentes.
Quando apresento cada um dos Fragmentos seguidos de um número simples divisível por 8, não compreendo a matemática como o cerne do trabalho, apenas relaciono a questão de organização musical de cada um desses fragmentos, pois, pensando em teoria musical; todos os Fragmentos foram compostos em compasso 4/4 e, a progressão de evolução e retorno harmônico se baseia em 8 compassos que se repetem até o final; não apresento um tema melódico que evolua para algum outro ponto – podemos dizer que os fragmentos não saem do lugar, são redundantes sozinhos, um ciclo infinito de pequenos motivos livres.   
A experimentação se apresenta como ruptura, como intervenção de aceitação do imperfeito nesta organização precisa do plano eletrônico.

O projeto não tem um tema definido, fica a critério do público a interpretação. Mas no processo criativo, o que foi levado em consideração?
Tudo que me fizesse sentido, o que me parecesse verdadeiro. As influencias externas tiveram um papel fundamental nos 8 anos de realização.
O processo foi guiado por mudanças de espírito/temperamento, descobertas em leituras, no cinema e, no trato com as pessoas no trabalho de professor de música. É difícil explicar o processo criativo, pois ele não é linear, mas posso brincar dizendo que “a natureza ama ocultar-se”.

As declamações na música são fragmentos de uma obra pronta ou criações próprias?
Tudo, do pouco que é dito, é amostra de algum lugar. De filme, entrevista, disco...
São coisas que apareceram durante o processo e bem se fazem como referência direta, por exemplo:
No Fragmento 16 , o piano elétrico, que segue toda a música como um remix, é uma amostra extraída da pianista e harpista Alice Coltrane, da música Om Supreme, do álbum Eternity (1975). Na introdução temos alguns sons dispersos que são do álbum Om (1965), de John Coltrane, mixados a um poema recitado de Torquato Neto (Marcha à Revisão - terceira parte(3-PS)), que foi extraído do extinto programa de reportagens Documento Especial: Torquato Neto, O Anjo Torto da Tropicália – 1992. E no final  temos a fala emblemática de Walter Franco em entrevista ao programa Provocações.

Posso dizer que me aproprio dessas amostras ou, que elas se apropriam do que faço. Neste exemplo citado, a relação entre as personalidades aconteceu sem uma prévia intenção, simplesmente eles se juntaram pelo processo criativo. Em outros casos fui mais pontual, por exemplo no Fragmento 40, em que o trecho inicial foi extraído do filme Oldboy (Chan-wook Park - 2003) e a música se desenvolveu a partir desta amostra. No Fragmento 48 onde o trecho final foi extraído do filme Terra em Transe (Glauber Rocha - 1967) e a música foi concluída.

O que o Agnostic Orchestra se propõe em apresentar para o público?
Humildemente; um espetáculo autoral poético e musical dinâmico – intercalado entre poemas, canções e temas instrumentais.  Muita coisa será improvisada, enquanto outras; severas em seu arranjo.

O projeto traz ineditismo nas performances ao vivo?
Toda performance é inédita, mas em relação a estrutura de palco e interações, intervenções e intenções artísticas; não vejo nada do que proponho como “nunca feito”,  prefiro a ideia do não convencional.

A música eletrônica abre espaço para o experimentalismo. O que isso acrescenta ao processo criativo e ao resultado final?
O envolvimento com a arte em geral, tendo uma intenção clara ou confusa, é que vai definir o nível de experimentação, e seu valor no resultado final. Vai de cada um, de cada conceito, de cada interesse com aquilo que se faz. Podemos pensar que; o que para alguns é fracasso, para outros é um caminho ou, talvez apenas o sinal de um caminho.

No meu caso, a música eletrônica veio como a solução dos meus anseios criativos – do querer fazer música, mesmo sem saber – seguindo a intuição, a experimentação, pesquisa; buscando uma sonoridade própria que pudesse me satisfazer.


A música eletrônica acrescenta muito na criatividade e possibilita recursos infinitos para a criação de qualquer gênero musical,  mas ainda é preciso um ser humano para controlar a máquina, e isso faz toda a diferença no resultado final. Digo que valorizo quem faz, não como faz.

+ Escute aqui

domingo, 13 de abril de 2014

JADE GOLA FALA SOBRE AS NUANCES DA ME E O JORNALISMO ESPECIALIZADO

“É curioso como música eletrônica é um termo gigantemente vago, mas ao mesmo tempo ainda é um "guarda-chuva", um nome de gênero que significa algo bem específico.” Conversamos com o jornalista de ME, Jade Gola – curador do portal deepbeep, principal veículo sobre música eletrônica no Brasil, para saber mais sobre as nuances do gênero e entender que existe jornalismo especializado no assunto. 

ME é mutável

A liberdade de experimentação que a música eletrônica carrega é invejável. Não há barreiras criativas e por este motivo é um som que se transforma constantemente. Gola explica: “A eletrônica pode ser abstrata tanto nas suas estéticas quanto na sua recepção pelos espectadores e pela mídia. A música eletrônica é um dos maiores gêneros musicais de potencial instrumental que já existiram - acho que vejo similaridade nisso só com o jazz. Então é um som pronto para ser mutável tanto nas suas formas quanto nas suas concepções.“

ME no jornalismo

E quando o assunto puxa para o lado jornalístico é preciso tanto entusiasmo quanto qualquer artista para mergulhar neste universo: “Ser jornalista de música eletrônica é muito interessante, é relatar um universo que se vive por aptidão, então é natural que haja muita paixão. E ser criativo na abordagem, na difícil arte (sim, é uma arte)  de descrever sons e explicar a diferença entre uma faixa de house e outra, entre o que um DJ toca e o que ele diz tocar - muitas vezes algo que os artistas odeiam que se faça.“ Aliás, você já pensou em seguir uma carreira por esse lado? Aqui vai uma dica: “Hoje em dia cada um é jornalista de si mesmo e posta suas coisas e músicas no Facebook, com leitores. Se você for óbvio, não vai sair do zero“, comenta.

“Acredito que a Internet matou a importância da "grande imprensa" na divulgação de uma música tão carregada de intencionalidade pioneira, vanguardista. Hoje em dia você vai descobrir coisas muito mais legais onde? Na web ou na "Ilustrada" da Folha? Na web, lógico.“

ME atual

E atualmente, o que está em alta no gênero? “A rinse.fm hoje é propulsora de boa house music. Você pode inventar firulas, você pode cunhar novos tipos de som, mas uma hora não tem como você fugir das estruturas essenciais da house, o maior canône da eletrônica.“ Ao mesmo tempo que o gênero se transforma, a cobiça por alcançar o topo das paradas é constante. Mas isso não quer dizer que Gola concorde: “Espero que as sonoridades e as cenas mais criativas não mirem o mainstream, e sim que continuem pensando na força e criatividade de sua musicalidade, porque o que importa no final é se a música é boa ou não.“ Nós assentimos. 

sexta-feira, 11 de abril de 2014

AS INFLUÊNCIAS POR TRÁS DAS ATRAÇÕES DO KINO

Todo  artista tem referências e para entender melhor o trabalho de cada um deles é importante saber quais são elas. Nossas atrações separaram alguns projetos que inspiram.

 Espia aqui:

 Fernando Velazquez indica o Labmóvel. Uma Kombi que se transforma, literalmente, em ateliê, cinema e auditório. O projeto paulista cria espaços temporários e móveis de arte. Para saber mais, aqui.

Diego Abelardo, do projeto Agnostic Orchestra: “O álbum Coisas, do maestro Moacir Santos, onde cada música leva o título de Coisa, com seu respectivo número, foi a inspiração principal para eu organizar o projeto em Fragmentos. Musicalmente passo longe da concepção do maestro, mas vejo a inspiração para além de uma fidelidade musical“, comenta em entrevista para o blog.

O japonês Ryoichi Kurokawa está entre as influências visuais e sonoras de Matheus Leston. Ao lado de Kraftwerk, Meredith Monk, Residents, Alva Noto, Ryoji Ikeda, Battles e Radiohead.

E quando se trata de música, Leston escolhe a dedo: “One Thousand Sleepless Nights (CESRV), No Better Time Than Now (Shigeto), Hesitation Marks (Nine Inch Nails), Connected (Eivind Aarset), Still Smiling (Teho Teardo & Blixa Bargeld), Mono (Pulselooper), Spaces (Nils Frahm)".

quinta-feira, 10 de abril de 2014

DENTRO DA CABEÇA DE FERNANDO VELÁZQUEZ





















Se você pudesse dar forma para um impulso nervoso, como ele seria? Com o projeto Mindscapes, Fernando Velázquez expõe sua percepção e interpretação de mundo, guiado pelo trabalho do neurologista e escritor anglo-americano Oliver Sacks.

“Nesta série me interessa traçar analogias entre o comportamento do cérebro e a estética. Não há um interesse literal em traduzir um no outro“, explica Velázquez em entrevista ao blog.

Para compreender um pouquinho mais do que se passa na cabeça do artista, confira os vídeos abaixo:


from the mindscapes series, untitled #3 from Fernando Velazquez on Vimeo.



from the mindscapes series, untitled #04 from Fernando Velazquez on Vimeo.

quarta-feira, 9 de abril de 2014

MÚSICA ORGÂNICA X MÚSICA ELETRÔNICA: AINDA UMA DISCUSSÃO VIÁVEL?

Por Alexei Michailowsky 
Doutor em Música pela UNIRIO 

Com o acelerado desenvolvimento tecnológico experimentado pela indústria dos instrumentos musicais eletrônicos entre as décadas de 1960 e 1980, diversas novas possibilidades foram disponibilizadas aos usuários. E tanto nos círculos mais experimentais quanto na música pop, elas foram incorporadas e exploradas.

Dentre essas possibilidades, destacou-se o uso dos sequenciadores musicais em estúdio e nos palcos. Esses equipamentos, cujo conceito é o mesmo dos realejos do século XVIII e das pianolas popularizadas entre 1876 e 1924, já estavam presentes nos primeiros sintetizadores modulares fabricados por Robert Moog e Don Buchla e incorporaram tanto tecnologias voltadas para a integração e o gerenciamento de verdadeiros estúdios fixos ou móveis de música eletrônica compostos por múltiplos instrumentos musicais  quanto de armazenamento e envio de dados. Isso se acentuou com o advento dos microprocessadores digitais e do padrão unificado MIDI. Na primeira metade dos anos 80 os sequenciadores, outrora disponíveis exclusivamente em hardware, foram transportados para os microcomputadores em versão software.

Por outro lado esses equipamentos causaram controvérsias e debates às vezes inflamados, pela quebra da relação direta entre os sons produzidos e percebidos e os gestos corporais dos músicos. Esta representa a essência do que foi consagrado como “música orgânica”: aquela que é feita por pessoas cantando ou tocando seus instrumentos em tempo real, sem intervenções de máquinas. Para os seus defensores, não importa se os instrumentos utilizados sejam acústicos, eletrificados ou mesmo eletrônicos: a interface estabelecida entre o músico e o seu instrumento deve determinar uma conexão pela qual o último evidencia-se pelas ações realizadas como uma extensão do corpo do primeiro (ou simplesmente é parte desse corpo, como no caso da voz). Nenhuma plateia tem dúvidas sobre o fato de que aquele som provém de um gesto daquele instrumentista, naquele local e naquela hora.

A música executada automaticamente por intermédio de uma máquina ou envolvendo alguma forma de reprodução sonora levou os pesquisadores acadêmicos Trevor Pinch e Karin Bijsterveld a lançar a seguinte questão: quem deve ser aplaudido numa apresentação musical onde essa situação é apresentada? Os homens ou as máquinas? Pois não raro o que as plateias testemunham, naqueles determinados local e instante, são as atuações das máquinas. Numa instalação sonora, o músico pode nem estar presente: sua participação ocorreu antes, possivelmente em outro lugar, programando e preparando o equipamento. E em certas apresentações de música eletrônica ao vivo o executante está sobre o palco, mas sua conexão com o instrumento assume uma natureza predominantemente mental e baseada na escuta. É o que podemos compreender no discurso de Dino Vicente, um importante pioneiro da música eletrônica no Brasil:

- Meu instrumento é o estúdio de música eletrônica. Ali, a junção de todos os instrumentos acaba gerando um hiper-instrumento complexo, formado por diversos aparatos (os equipamentos individuais), com vários sistemas operacionais distintos – eu procuro não implantar um sistema operacional mestre – e no instante da performance preciso dar conta desses vários sistemas... Esse hiper-instrumento foi se desenvolvendo ao longo dos anos. O trabalho nunca está acabado. Envolve sempre novas configurações e sempre, praticamente todos os dias, preciso colocar tudo funcionando. Como um agricultor, preciso plantar e colher. E nesse exercício cotidiano preciso estar sempre atento a fatores como as conexões, a disposição física de cada instrumento, a ergonomia. Eu faço parte do sistema. O Dino pilota a máquina mas a máquina também pilota o Dino e diz a ele o que deve fazer.
Por outro lado, podemos observar a preocupação da indústria de instrumentos musicais eletrônicos em desenvolver interfaces “orgânicas” para alguns de seus produtos. Após o advento do turntablismo (uma prática “orgânica” surgida a partir da subversão de uma tecnologia desenvolvida para reprodução de sons previamente gravados e que aproximou os DJs das práticas características dos instrumentistas), percebeu-se que havia espaço no mercado para novas interfaces capazes de aliar as duas perspectivas. Um exemplo está nos pads encontrados na famosa linha de samplers Akai MPC, onde o executante pode interagir com as automações sequenciadas na máquina em tempo real e disparar sons através de gestos corporais. Numa performance realizada com esses equipamentos – sendo que o hip hop e o funk carioca produziram virtuoses nos MPCs e em todos os equipamentos derivados dessa interface –estão em jogo a escuta, o domínio do sistema operacional da máquina e a destreza com uma interface destinada à execução em tempo real.

Diante do panorama colocado diante dos nossos olhos nos dias de hoje podemos então afirmar que a discussão envolvendo a música eletrônica e a música orgânica, colocando-as em polos distintos, caiu por terra. Uma não ameaça nem anula a outra. O artista pode escolher suas interfaces com seu instrumento, ou mesmo criá-las ou customizá-las, a partir de uma delas ou mesmo de ambas reunidas. E concentrar-se, bem como o seu público, no que realmente importa na arte: a expressão de conceitos e ideias.

terça-feira, 8 de abril de 2014

O QUE ACONTECE POR TRÁS DO PROJETO ORQUESTRA VERMELHA

O projeto Orquestra Vermelha, de Matheus Leston, recria um show ao vivo, no palco, apenas com gravações de som e imagem. Os instrumentos, luzes e figuras são controlados em tempo real e Leston é o único membro de uma banda completa.
Os músicos Eddu Ferreira, Gustavo Boni, Mauricio Fernandes, Paulo Braga, Richard Fermino e Sam Tiago tiveram suas participações gravadas em estúdio. Cada um ganhou a liberdade para criar e mesmo sem se conhecerem, tocam todos juntos.

Para entender melhor, veja como foi o processo no estúdio. O projeto convida o público a se questionar sobre o que é realmente música ao vivo. Vem ver:



segunda-feira, 7 de abril de 2014

SONORIDADE, IMAGENS E ALGORITMOS: CONHEÇA O PROJETO MINDSCAPES, DE FERNANDO VELÁZQUEZ

Fernando Velázquez traz ao Kino Beat o projeto Mindscapes. O artista uruguaio já percorreu o Brasil e o mundo arrecadando prêmios por onde passou. O projeto que combina música e vídeo tem como ponto de referencia a atividade cerebral. 

Mindscapes é na verdade uma grande viagem pessoal ao meu imaginário, a forma como me relaciono com o mundo, com as imagens, com as coisas”, conta Velázquez em entrevista ao blog.

Ficou curioso? Vem ver:

Como surgiu a ideia do projeto Mindscapes?
Um dos tópicos que tangência minha pesquisa artística é a percepção, o modo em recebemos, analisamos e interpretamos o mundo.

Lendo o Oliver Sacks, o Antonio Damasio, e outros me surgiu a idéia de trabalhar a ideia de paisagens mentais desde uma perspectiva estética.

Como funcionam as imagens generativas?
Quando nós utilizamos um software de computador criamos arquivos, cada vez que abrimos estes arquivos estes se nos apresentam da mesma maneira que os deixamos a última vez que os salvamos. Este comportamento tem uma certa analogia com a materia. Poderíamos dizer metaforicamente que apesar ser compostos de invisíveis 0 e 1, eles existem como matéria, estão ali arquivados e vão se comportar sempre da mesma forma. Nos processos generativos o que existe é um script ou algoritmo que é rodado em tempo real, o arquivo em se responde também a analogia antes proposta, mas o que ele produz não, terá sempre um comportamento diferente. No caso das imagens generativas de Mindscapes, as mesmas surgem de manipular parâmetros de um algoritmo pré-programado. Trabalha-se neste caso mais do que com o conceito de edição, com a ideia de emergência onde no lugar de reorganizar o conhecido o artista explora o desconhecido, ou melhor, o possível dentro daquele algoritmo que ele programou.

Como a arte e os algoritmos, que em princípio são campos distintos, se relacionam neste projeto?
A relação da arte com a tecnologia do seu tempo é uma constante histórica. Falando especificamente em bits e bytes há mais de 40 anos de história da arte realizada com computadores. Não há nada em particular neste sentido no que remete à performance.

A atividade cerebral é o ponto de referência para o projeto, como a sonoridade e as imagens se encaixam neste contexto?
Nesta série me interessa traçar analogias entre o comportamento do cérebro e a estética. Não há um interesse literal em traduzir um no outro. Eu não utilizo dados nem medições em tempo real por exemplo. Neste sentido há uma série de equipamentos e todo um imaginário com base na realidade (topografias, raios x, etc). O meu interesse é utilizar metaforicamente esta estrutura (o conceito de rede neutral sobre tudo) para explorar estas ideias em forma de audiovisual.

O que o Mindscapes se propõe em apresentar para o público?
Acredito que a arte esteja no mundo para nos ajudar a entender as nuanças, as sutilezas e a complexidade do mundo em que vivemos. Sempre que eu apresento um trabalho artístico aspiro a tocar o espectador de forma a que ele questione as próprias crenças, intento provocar outros pontos de vista sobre este o aquele assunto. Mindscapes é na verdade uma grande viagem pessoal ao meu imaginário, a forma como me relaciono com o mundo, com as imagens, e com as coisas.

sexta-feira, 4 de abril de 2014

AQUECIMENTO KINO BEAT: 5 LINKS DE IMAGEM QUE VOCÊ NÃO PODE PERDER

Pra ir aquecendo para o Kino Beat, separamos 5 links que você não pode deixar de conferir antes de ver o Festival de perto. Olha só:

Creators Project apresenta o trabalho de Fernando Velázquez se baseando em suas imagens generativas e vídeos.

Sun Ra - Strange Celestial: O jazzista experimental que inspirou Diego Abelardo, uma de nossas atrações. Escute o álbum na íntegra no YouTube.

Sessão de gravação com o baterista Sam Tiago, baterista da Orquestra Vermelha.

Fernando Velázquez se inspirou para Mindscapes lendo um dos trabalhos de Oliver Sacks, um neurocientista inglês. Tempo de Despertar, um dos filmes de Sacks, virou um filme com Robert de Niro.

“Night Lights” é uma canção do carioca Secchin, que leva a participação de Maria Luiza Jobim, do duo Opala. A música é fantástica, mas o clipe, surpreendente. Vale dar uma olhada.

quinta-feira, 3 de abril de 2014

DO RUÍDO (NOISE) À MÚSICA ELETRÔNICA ATUAL


A música como conhecemos é um privilégio dos dias atuais. Nossos ouvidos podem reconhecer milhares de sons diferentes e combiná-los de forma harmônica. A variedade de sonoridades aumentou gradativamente com a industrialização – e o mundo nem sempre foi um lugar tão barulhento. 

L'arte dei rumori (A Arte dos Ruídos) foi escrito por Luigi Russolo, em 1913, e fala exatamente sobre isso. De acordo com o italiano, os primeiros ruídos surgiram no século XIX, com o surgimento da máquinas industriais. Antes disso, o mundo era quieto – não silencioso. O som que pontuava a terra vinha de atividades naturais como a chuva e cachoeiras, mas não era prolongado, constante ou variado. 
Russolo atribui a evolução musical à multiplicação de máquinas. A música caminha para uma polifonia mais complicada à medida que a variedade de timbres e tons crescem – o que encorajava os músicos à criação. 

Artistas experimentais como John Cage e Pierre Henry consideram Russolo o precursor da música eletrônica contemporânea. E para provar sua própria teoria, Russolo construiu os instrumentos para a sua orquestra, Intonarumori.

A partir do estudo A Arte do Ruídos, a música passou a ser vista e pensada de maneira diferente. Russolo sugeriu que o homem moderno tem grande capacidade de apreciar sons mais complexos. E ele estava certo. 

quarta-feira, 2 de abril de 2014

AS PERFORMANCES AO VIVO NO FESTIVAL KINO BEAT

Uma das propostas do Kino Beat é desmistificar a ideia da Música Eletrônica como uma “música de festa”, “música para se ouvir em festa”. Todas as apresentações do Festival acontecem no Teatro do SESC, onde o público pode curtir as atrações no conforto de um teatro, trazendo assim uma proposta poucas vezes vista na cidade.

Além disso, é importante ressaltar o quanto o fato das performances serem ao vivo influenciam no resultado final dos concertos. Influências de público e do ambiente transformam a apresentação em um momento único, ímpar.

Um dos grandes exemplos dessa ideia é Fernando Velázquez. Usando algoritmos generativos e técnicas de improvisação audiovisual em tempo real, ele cria a sua performance do projeto Mindscapes. A ideia é especular sobre tudo o que influencia no modo em como vemos o mundo, construímos o conhecimento e articulamos memórias.

Para entender melhor, dá só uma olhada no vídeo:

Festival Multiplicidade_02_2013 from Festival Multiplicidade on Vimeo.

Matheus Leston, da Orquestra Vermelha, acredita que  “algumas variações e decisões são feitas ao vivo e podem mudar a cada apresentação”. Ele ainda lembra que o seu show possui sim uma estrutura pré-concebida, já que “existe uma progressão, uma espécie de história que é contada, musical e visual”, afirma.

Por outro lado, Leston ainda lembra que a abertura para a improvisação e inspirações ao vivo pode parecer um tanto engessada, uma vez que a sua interação é feita com imagens já previamente editadas. Mas na hora da sua composição, ela teve um papel fundamental: “Os músicos, quando foram gravar suas participações, tocaram livremente, improvisando sobre as bases que eu havia criado. Essas gravações depois foram editadas. Ou seja, há uma inversão, pois há improviso, mas não é ao vivo”, lembra.

Outro ponto trazido pelo curador do Festival, Gabriel Cevallos, é o fato de que ao vivo (e sentado) a imersão do público é maior. “Pelo conforto de se estar sentando, a concentração e foco nos detalhes é diferente, é mais cerebral do que visceral, tem menos dispersão do que se fosse em uma festa”, lembra. “É um momento que pode-se ousar mais, pois não tem a necessidade da dança, dos deslocamentos, então são atrações mais sensoriais”, completa.

Partindo dessas crenças, o Kino te convida a conferir de perto – ao vivo e a cores – toda a nossa programação, que rola entre os dias 26 e 27 de abril. Para mais informações sobre o Festival, clique aqui.

terça-feira, 1 de abril de 2014

ORQUESTRA DE UM HOMEM SÓ: CONHEÇA A ORQUESTRA VERMELHA, PROJETO DE MATHEUS LESTON


Propor uma junção entre imagem e som, gerando uma sensação única. Essa é a proposta de Matheus Leston e o seu Orquestra Vermelha, projeto que se apresenta no Kino Beat na noite do sábado. A Orquestra é, na verdade, um quinteto, mas apenas um dos músicos está no palco. Os outros são sombras, exibidas em tamanho real em grandes telas de LED.

Batemos um papo com Matheus, que nos contou como nasceu o projeto, e como funciona o seu processo de composição musical e imagética. “A experiência é de uma banda tradicional, pois parece que os músicos estão no palco (tanto por causa do som quanto da imagem). É música eletrônica, mas não é”, afirma.

Ficou curioso? Chega mais:

Como surgiu a ideia do projeto Orquestra Vermelha?
A Orquestra Vermelha é o desenvolvimento de uma pesquisa que eu já havia começado em um outro projeto, chamado Ré: um show em que eu gravava e sobrepunha uma série de loops de guitarra, baixo e teclado, construindo as bases ao vivo. As melodias eram cantadas por outros músicos que haviam sido gravados e filmados em suas próprias casas, exibidos em duas grandes telas de projeção.

Quais foram as principais inspirações para o projeto?
Puxa, é muito difícil falar em inspirações diretas. Ele é o cruzamento de muitas coisas que tenho visto e pensado há muitos anos, tanto da música como de outras áreas e artes. Talvez eu possa citar como referências conceituais mais claras a geometria e a ocupação do palco do Kraftwerk, tocar na contra luz de maneira similar ao The Mole Show, dos Residents. Talvez a influência estética mais forte seja das artes: o minimalismo americano, Olafur Eliasson, Kurt Hentschlager. Musicalmente a coisa fica impossível de definir. Vai de Massive Attack a King Crimson, de música erudita a free jazz, de Motown ao pós-rock.

O projeto questiona a significância da apresentação ao vivo hoje em dia. Referente a esta discussão, pode-se chegar a alguma conclusão?
Na minha opinião não há uma conclusão, não há uma resposta, pois não acho que haja uma pergunta. A Orquestra Vermelha está bem no meio de uma encruzilhada das relações entre áudio e vídeo, playback e ao vivo, presença e ausência, improvisação e estrutura, luz e sombra, figura e fundo, base e solo. Essas relações nem sempre são harmoniosas. Pelo contrário, algumas são contraditórias e problemáticas. Ao invés de se decidir por um lado ou outro, a Orquestra acaba se tornando uma espécie de paradoxo, tentando ser as duas coisas ao mesmo tempo. Por exemplo: é ao vivo e é playback. Talvez essa seja a melhor posição para evidenciar essas contradições. Minha única conclusão é que refletir sobre a forma de uma apresentação é cada vez mais importante.

Como funciona o processo de composição musical do projeto?
Assim que saiu o resultado do Programa Rumos (do qual o projeto faz parte) em dezembro de 2012 eu comecei a vasculhar meus HDs e juntar todos os rascunhos e anotações musicais que pude encontrar. Eu tenho grande dificuldade com composição, não consigo iniciar uma música, desenvolvê-la até o final e, em certo ponto, declará-la terminada. Acabo tendo ideias, gravando pequenos fragmentos e abandonando-os, sem nunca fazer nada com eles.

Eu selecionei, editei e trabalhei sobre os fragmentos que achei. No fim desse processo, tinha uma série de loops (e não músicas estruturadas) bastante simples. A partir dai começaram as gravações: apresentava esses loops para um músico, que gravava livremente sobre eles o que achasse melhor. Eu editava essa gravação e apresentava para o próximo músico, e assim por diante.

Depois das gravações dos seis participantes, eu ouvi tudo o que havia sido gravado e editei todo o material. Em muitos casos as músicas haviam se transformado totalmente e já não tinham nada a ver com a base inicial. E com todo o material editado, fiz várias experiências e versões até chegar na estrutura final do show.

E a composição das imagens do projeto, se deu de forma semelhante?
Os vídeos exibidos ao vivo são as imagens reais das gravações. Enquanto os músicos gravavam eles também eram filmados em frente a um fundo branco, na contraluz. Ao editar o áudio eu também editava o vídeo, para manter a sincronia. E com o show estruturado musicalmente, passei a trabalhar as imagens e definir as cores, criar alguns efeitos e programar a iluminação, que também é controlada ao vivo.

Qual a relação entre música e imagem no Orquestra Vermelha?
Eu parto do princípio que audição e visão são totalmente interligadas. Não tenho dúvida de que o som muda a maneira como nós entendemos uma imagem. E o contrário também é verdade: nós ouvimos de maneira diferente de acordo com o que estamos vendo. Por isso eu penso que um show é sempre uma experiência visual, mesmo quando não há efeitos cênicos, vídeos, iluminação. O próprio fato de ver um músico tocando faz com que a gente ouça de maneira diferente.

Na Orquestra Vermelha essa relação é levada ao extremo e posta em primeiro lugar. Os vídeos não são apenas um acompanhamento das músicas, eles são parte integrante do espetáculo.

A música eletrônica abre espaço para o experimentalismo. O que isso acrescenta ao processo criativo e ao resultado final?
A relação entre música eletrônica e instrumentos tradicionais também é uma das possíveis contradições da Orquestra. Não seria errado dizer que é um show eletrônico: estou apenas eu no palco com computadores. Todas as gravações dos outros músicos são samples digitais. Porém a experiência é de uma banda tradicional, pois parece que os músicos estão no palco (tanto por causa do som quanto da imagem). É música eletrônica, mas não é.