“É curioso como música eletrônica é um termo gigantemente vago, mas ao mesmo tempo ainda é um "guarda-chuva", um nome de gênero que significa algo bem específico.” Conversamos com o jornalista de ME, Jade Gola – curador do portal deepbeep, principal veículo sobre música eletrônica no Brasil, para saber mais sobre as nuances do gênero e entender que existe jornalismo especializado no assunto.
ME é mutável
A liberdade de experimentação que a música eletrônica carrega é invejável. Não há barreiras criativas e por este motivo é um som que se transforma constantemente. Gola explica: “A eletrônica pode ser abstrata tanto nas suas estéticas quanto na sua recepção pelos espectadores e pela mídia. A música eletrônica é um dos maiores gêneros musicais de potencial instrumental que já existiram - acho que vejo similaridade nisso só com o jazz. Então é um som pronto para ser mutável tanto nas suas formas quanto nas suas concepções.“
ME no jornalismo
E quando o assunto puxa para o lado jornalístico é preciso tanto entusiasmo quanto qualquer artista para mergulhar neste universo: “Ser jornalista de música eletrônica é muito interessante, é relatar um universo que se vive por aptidão, então é natural que haja muita paixão. E ser criativo na abordagem, na difícil arte (sim, é uma arte) de descrever sons e explicar a diferença entre uma faixa de house e outra, entre o que um DJ toca e o que ele diz tocar - muitas vezes algo que os artistas odeiam que se faça.“ Aliás, você já pensou em seguir uma carreira por esse lado? Aqui vai uma dica: “Hoje em dia cada um é jornalista de si mesmo e posta suas coisas e músicas no Facebook, com leitores. Se você for óbvio, não vai sair do zero“, comenta.
“Acredito que a Internet matou a importância da "grande imprensa" na divulgação de uma música tão carregada de intencionalidade pioneira, vanguardista. Hoje em dia você vai descobrir coisas muito mais legais onde? Na web ou na "Ilustrada" da Folha? Na web, lógico.“
ME atual
E atualmente, o que está em alta no gênero? “A rinse.fm hoje é propulsora de boa house music. Você pode inventar firulas, você pode cunhar novos tipos de som, mas uma hora não tem como você fugir das estruturas essenciais da house, o maior canône da eletrônica.“ Ao mesmo tempo que o gênero se transforma, a cobiça por alcançar o topo das paradas é constante. Mas isso não quer dizer que Gola concorde: “Espero que as sonoridades e as cenas mais criativas não mirem o mainstream, e sim que continuem pensando na força e criatividade de sua musicalidade, porque o que importa no final é se a música é boa ou não.“ Nós assentimos.
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