“Mindscapes é na verdade uma grande viagem pessoal ao meu imaginário, a forma como me relaciono com o mundo, com as imagens, com as coisas”, conta Velázquez em entrevista ao blog.
Ficou curioso? Vem ver:
Como surgiu a ideia do projeto Mindscapes?
Um dos tópicos que tangência minha pesquisa artística é a percepção, o modo em recebemos, analisamos e interpretamos o mundo.
Lendo o Oliver Sacks, o Antonio Damasio, e outros me surgiu a idéia de trabalhar a ideia de paisagens mentais desde uma perspectiva estética.
Como funcionam as imagens generativas?
Quando nós utilizamos um software de computador criamos arquivos, cada vez que abrimos estes arquivos estes se nos apresentam da mesma maneira que os deixamos a última vez que os salvamos. Este comportamento tem uma certa analogia com a materia. Poderíamos dizer metaforicamente que apesar ser compostos de invisíveis 0 e 1, eles existem como matéria, estão ali arquivados e vão se comportar sempre da mesma forma. Nos processos generativos o que existe é um script ou algoritmo que é rodado em tempo real, o arquivo em se responde também a analogia antes proposta, mas o que ele produz não, terá sempre um comportamento diferente. No caso das imagens generativas de Mindscapes, as mesmas surgem de manipular parâmetros de um algoritmo pré-programado. Trabalha-se neste caso mais do que com o conceito de edição, com a ideia de emergência onde no lugar de reorganizar o conhecido o artista explora o desconhecido, ou melhor, o possível dentro daquele algoritmo que ele programou.
Como a arte e os algoritmos, que em princípio são campos distintos, se relacionam neste projeto?
A relação da arte com a tecnologia do seu tempo é uma constante histórica. Falando especificamente em bits e bytes há mais de 40 anos de história da arte realizada com computadores. Não há nada em particular neste sentido no que remete à performance.
A atividade cerebral é o ponto de referência para o projeto, como a sonoridade e as imagens se encaixam neste contexto?
Nesta série me interessa traçar analogias entre o comportamento do cérebro e a estética. Não há um interesse literal em traduzir um no outro. Eu não utilizo dados nem medições em tempo real por exemplo. Neste sentido há uma série de equipamentos e todo um imaginário com base na realidade (topografias, raios x, etc). O meu interesse é utilizar metaforicamente esta estrutura (o conceito de rede neutral sobre tudo) para explorar estas ideias em forma de audiovisual.
O que o Mindscapes se propõe em apresentar para o público?
Acredito que a arte esteja no mundo para nos ajudar a entender as nuanças, as sutilezas e a complexidade do mundo em que vivemos. Sempre que eu apresento um trabalho artístico aspiro a tocar o espectador de forma a que ele questione as próprias crenças, intento provocar outros pontos de vista sobre este o aquele assunto. Mindscapes é na verdade uma grande viagem pessoal ao meu imaginário, a forma como me relaciono com o mundo, com as imagens, e com as coisas.
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