terça-feira, 15 de abril de 2014

O QUE MOVIMENTA A OPALA



Maria Luiza Jobim carrega o sobrenome do pai, o maestro Tom e toda a sua musicalidade. Com influencias do jazz, rock e musica eletrônica a carioca criou sua própria identidade e juntamente com Lucas de Paiva criou um duo inidie-pop-eletrônico, a OPALA, que traz elementos novos provocados principalmente pelo seu vocal.

Com influências de Nite Jewel, The Knife, Jai Paul e pela cultura nipônica, o primeiro EP homônimo, foi gravado na casa de ambos e possui cinco faixas. Absence To Excess é umas delas e abre o EP com batidas marcadas que convergem entre o minimalismo e o dançante.

Lucas de Paiva costuma trabalhar com artistas da nova cena musical, como SILVA e Mahmundi, sofisticando eletrônicamente suas sonoridades. O trabalho da dulpa segue nessa linha que está desbravando a nova cena da música eletrônica do Rio de Janeiro.

Confira as entrevistas que a dupla concedeu para os sites Dont Touch My Moleskine, Rock In Press, TPM e Noize.

Conheça um pouco do trabalho da OPALA aqui. 


segunda-feira, 14 de abril de 2014

TUDO O QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE O KINO BEAT

Se você já está se preparando para a primeira edição do Festival Kino Beat, algumas informações podem ser úteis. Confira alguns detalhes pra você ficar por dentro:

Quando acontece? 
O Kino Beat acontece nos dias 26 (sábado) e 27 (domingo) de abril de 2014. No primeiro dia, a abertura do Teatro é a partir das 19h, com distribuição de ingressos uma hora antes. Já no domingo, a função acontece um pouquinho mais cedo, abrindo para os ingressos as 17h, e para as atrações às 18h.

Onde? 
O Kino rola no Teatro do SESC (Avenida Alberto Bins, 665 – Centro).

Quanto? 
Totalmente gratuito!

Como eu retiro meu ingresso? 
Os ingressos serão distribuídos gratuitamente, de 22 a 25 de abril retirada somente para comerciários. Público em geral 1 hora antes das apresentações na bilheteria do Teatro do SESC (Avenida Alberto Bins, 665 – Centro).  Telefones: (51) 3284-2070 (51) 3284-2007
 
Quem vai tocar? 
No sábado quem sobe ao palco do Teatro é Diego Abelardo e a sua Agnostic Orchestra, seguido da Orquestra Vermelha. Já no domingo, o som fica por conta do duo Opala e de Fernando Velázquez.

DIEGO ABELARDO APRESENTA O PROJETO AGNOSTIC ORCHESTRA NO FESTIVAL KINO BEAT

O projeto Agnostic Orchestra Vol. 1 – Fragmentos do 8, de Diego Aberlardo, mistura samples e instrumentos em uma contradição de estudo e experimentação - que levou oito anos para ser concluído.  O resultado é complexo.

A música eletrônica acrescenta muito na criatividade e possibilita recursos infinitos para a criação de qualquer gênero musical,  mas ainda é preciso um ser humano para controlar a máquina, e isso faz toda a diferença no resultado final. Digo que valorizo quem faz, não como faz“, comenta Abelardo.

Para entender melhor, confira nossa entrevista. E prepare-se para o Festival Kino Beat.

Como surgiu a ideia do projeto Agnostic Orchestra?
Eu já vinha experimentando sons desde 2003, calcado diretamente na intenção de produzir instrumentais de rap; os famosos “beats”. Até 2006 já tinha, de certa forma, compreendido a concepção de produção eletrônica neste campo; partindo apenas de samples e loops de bateria com variações simples, sem nenhum conhecimento musical formal, mas de total empenho na pesquisa de sonoridade.
No mesmo ano, decidi começar a estudar música formalmente e, consequentemente, me veio a ideia de registrar esse processo de desenvolvimento artístico e técnico.

O nome Agnostic Orchestra veio para ilustrar - como uma brincadeira entre orquestras religiosas e o sentido vulgar de agnosticismo ser o meio termo da fé – onde eu, buscaria um compromisso com a musicalidade, mas sempre mantendo o experimentalismo, que me fora a raiz inicial na música.

Quais foram as principais inspirações para o projeto?
O álbum Coisas, do maestro Moacir Santos, onde cada música leva o título de Coisa (com seu respectivo número), foi a inspiração principal para eu organizar o projeto em Fragmentos. Musicalmente passo longe da concepção do maestro, mas vejo a inspiração para além de uma fidelidade musical.

O jazzista/pianista Sun-ra, vindo lá de Saturno, me deu tranquilidade nos momentos em que a musicalidade parecia se perder em fluxos de consciência através de meus improvisos pouco técnicos. A liberdade que ele teve de se colocar como um músico de outro planeta, me incentivou a livre criação e desenvolvimento de uma linguagem própria, mesmo que não convencional.

A pianista Carla Bley também foi de muita importância para a composição dos fragmentos. Sua relação síntese rítmica; o minimalismo “malandro” em seus arranjos, me sugeriram muitas ideias que se concretizaram em Fragmentos ou não.

Madlib foi o cara que me deu a ideia da mixagem, das texturas; das sujeiras no som. É dele que vem a experimentação e mistura de samples com gravações próprias: O processo eletroacústico focado em timbre e ritmo urbano contemporâneo.

O projeto enxerga a música como uma fórmula matemática perfeita. Como o experimentalismo se encaixa neste contexto?
Toda a música gravada é uma fórmula matemática perfeita, se pensarmos em disco de vinil, tape ou computador – os acertos matemáticos estão presentes.
Quando apresento cada um dos Fragmentos seguidos de um número simples divisível por 8, não compreendo a matemática como o cerne do trabalho, apenas relaciono a questão de organização musical de cada um desses fragmentos, pois, pensando em teoria musical; todos os Fragmentos foram compostos em compasso 4/4 e, a progressão de evolução e retorno harmônico se baseia em 8 compassos que se repetem até o final; não apresento um tema melódico que evolua para algum outro ponto – podemos dizer que os fragmentos não saem do lugar, são redundantes sozinhos, um ciclo infinito de pequenos motivos livres.   
A experimentação se apresenta como ruptura, como intervenção de aceitação do imperfeito nesta organização precisa do plano eletrônico.

O projeto não tem um tema definido, fica a critério do público a interpretação. Mas no processo criativo, o que foi levado em consideração?
Tudo que me fizesse sentido, o que me parecesse verdadeiro. As influencias externas tiveram um papel fundamental nos 8 anos de realização.
O processo foi guiado por mudanças de espírito/temperamento, descobertas em leituras, no cinema e, no trato com as pessoas no trabalho de professor de música. É difícil explicar o processo criativo, pois ele não é linear, mas posso brincar dizendo que “a natureza ama ocultar-se”.

As declamações na música são fragmentos de uma obra pronta ou criações próprias?
Tudo, do pouco que é dito, é amostra de algum lugar. De filme, entrevista, disco...
São coisas que apareceram durante o processo e bem se fazem como referência direta, por exemplo:
No Fragmento 16 , o piano elétrico, que segue toda a música como um remix, é uma amostra extraída da pianista e harpista Alice Coltrane, da música Om Supreme, do álbum Eternity (1975). Na introdução temos alguns sons dispersos que são do álbum Om (1965), de John Coltrane, mixados a um poema recitado de Torquato Neto (Marcha à Revisão - terceira parte(3-PS)), que foi extraído do extinto programa de reportagens Documento Especial: Torquato Neto, O Anjo Torto da Tropicália – 1992. E no final  temos a fala emblemática de Walter Franco em entrevista ao programa Provocações.

Posso dizer que me aproprio dessas amostras ou, que elas se apropriam do que faço. Neste exemplo citado, a relação entre as personalidades aconteceu sem uma prévia intenção, simplesmente eles se juntaram pelo processo criativo. Em outros casos fui mais pontual, por exemplo no Fragmento 40, em que o trecho inicial foi extraído do filme Oldboy (Chan-wook Park - 2003) e a música se desenvolveu a partir desta amostra. No Fragmento 48 onde o trecho final foi extraído do filme Terra em Transe (Glauber Rocha - 1967) e a música foi concluída.

O que o Agnostic Orchestra se propõe em apresentar para o público?
Humildemente; um espetáculo autoral poético e musical dinâmico – intercalado entre poemas, canções e temas instrumentais.  Muita coisa será improvisada, enquanto outras; severas em seu arranjo.

O projeto traz ineditismo nas performances ao vivo?
Toda performance é inédita, mas em relação a estrutura de palco e interações, intervenções e intenções artísticas; não vejo nada do que proponho como “nunca feito”,  prefiro a ideia do não convencional.

A música eletrônica abre espaço para o experimentalismo. O que isso acrescenta ao processo criativo e ao resultado final?
O envolvimento com a arte em geral, tendo uma intenção clara ou confusa, é que vai definir o nível de experimentação, e seu valor no resultado final. Vai de cada um, de cada conceito, de cada interesse com aquilo que se faz. Podemos pensar que; o que para alguns é fracasso, para outros é um caminho ou, talvez apenas o sinal de um caminho.

No meu caso, a música eletrônica veio como a solução dos meus anseios criativos – do querer fazer música, mesmo sem saber – seguindo a intuição, a experimentação, pesquisa; buscando uma sonoridade própria que pudesse me satisfazer.


A música eletrônica acrescenta muito na criatividade e possibilita recursos infinitos para a criação de qualquer gênero musical,  mas ainda é preciso um ser humano para controlar a máquina, e isso faz toda a diferença no resultado final. Digo que valorizo quem faz, não como faz.

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domingo, 13 de abril de 2014

JADE GOLA FALA SOBRE AS NUANCES DA ME E O JORNALISMO ESPECIALIZADO

“É curioso como música eletrônica é um termo gigantemente vago, mas ao mesmo tempo ainda é um "guarda-chuva", um nome de gênero que significa algo bem específico.” Conversamos com o jornalista de ME, Jade Gola – curador do portal deepbeep, principal veículo sobre música eletrônica no Brasil, para saber mais sobre as nuances do gênero e entender que existe jornalismo especializado no assunto. 

ME é mutável

A liberdade de experimentação que a música eletrônica carrega é invejável. Não há barreiras criativas e por este motivo é um som que se transforma constantemente. Gola explica: “A eletrônica pode ser abstrata tanto nas suas estéticas quanto na sua recepção pelos espectadores e pela mídia. A música eletrônica é um dos maiores gêneros musicais de potencial instrumental que já existiram - acho que vejo similaridade nisso só com o jazz. Então é um som pronto para ser mutável tanto nas suas formas quanto nas suas concepções.“

ME no jornalismo

E quando o assunto puxa para o lado jornalístico é preciso tanto entusiasmo quanto qualquer artista para mergulhar neste universo: “Ser jornalista de música eletrônica é muito interessante, é relatar um universo que se vive por aptidão, então é natural que haja muita paixão. E ser criativo na abordagem, na difícil arte (sim, é uma arte)  de descrever sons e explicar a diferença entre uma faixa de house e outra, entre o que um DJ toca e o que ele diz tocar - muitas vezes algo que os artistas odeiam que se faça.“ Aliás, você já pensou em seguir uma carreira por esse lado? Aqui vai uma dica: “Hoje em dia cada um é jornalista de si mesmo e posta suas coisas e músicas no Facebook, com leitores. Se você for óbvio, não vai sair do zero“, comenta.

“Acredito que a Internet matou a importância da "grande imprensa" na divulgação de uma música tão carregada de intencionalidade pioneira, vanguardista. Hoje em dia você vai descobrir coisas muito mais legais onde? Na web ou na "Ilustrada" da Folha? Na web, lógico.“

ME atual

E atualmente, o que está em alta no gênero? “A rinse.fm hoje é propulsora de boa house music. Você pode inventar firulas, você pode cunhar novos tipos de som, mas uma hora não tem como você fugir das estruturas essenciais da house, o maior canône da eletrônica.“ Ao mesmo tempo que o gênero se transforma, a cobiça por alcançar o topo das paradas é constante. Mas isso não quer dizer que Gola concorde: “Espero que as sonoridades e as cenas mais criativas não mirem o mainstream, e sim que continuem pensando na força e criatividade de sua musicalidade, porque o que importa no final é se a música é boa ou não.“ Nós assentimos. 

sexta-feira, 11 de abril de 2014

AS INFLUÊNCIAS POR TRÁS DAS ATRAÇÕES DO KINO

Todo  artista tem referências e para entender melhor o trabalho de cada um deles é importante saber quais são elas. Nossas atrações separaram alguns projetos que inspiram.

 Espia aqui:

 Fernando Velazquez indica o Labmóvel. Uma Kombi que se transforma, literalmente, em ateliê, cinema e auditório. O projeto paulista cria espaços temporários e móveis de arte. Para saber mais, aqui.

Diego Abelardo, do projeto Agnostic Orchestra: “O álbum Coisas, do maestro Moacir Santos, onde cada música leva o título de Coisa, com seu respectivo número, foi a inspiração principal para eu organizar o projeto em Fragmentos. Musicalmente passo longe da concepção do maestro, mas vejo a inspiração para além de uma fidelidade musical“, comenta em entrevista para o blog.

O japonês Ryoichi Kurokawa está entre as influências visuais e sonoras de Matheus Leston. Ao lado de Kraftwerk, Meredith Monk, Residents, Alva Noto, Ryoji Ikeda, Battles e Radiohead.

E quando se trata de música, Leston escolhe a dedo: “One Thousand Sleepless Nights (CESRV), No Better Time Than Now (Shigeto), Hesitation Marks (Nine Inch Nails), Connected (Eivind Aarset), Still Smiling (Teho Teardo & Blixa Bargeld), Mono (Pulselooper), Spaces (Nils Frahm)".

quinta-feira, 10 de abril de 2014

DENTRO DA CABEÇA DE FERNANDO VELÁZQUEZ





















Se você pudesse dar forma para um impulso nervoso, como ele seria? Com o projeto Mindscapes, Fernando Velázquez expõe sua percepção e interpretação de mundo, guiado pelo trabalho do neurologista e escritor anglo-americano Oliver Sacks.

“Nesta série me interessa traçar analogias entre o comportamento do cérebro e a estética. Não há um interesse literal em traduzir um no outro“, explica Velázquez em entrevista ao blog.

Para compreender um pouquinho mais do que se passa na cabeça do artista, confira os vídeos abaixo:


from the mindscapes series, untitled #3 from Fernando Velazquez on Vimeo.



from the mindscapes series, untitled #04 from Fernando Velazquez on Vimeo.

quarta-feira, 9 de abril de 2014

MÚSICA ORGÂNICA X MÚSICA ELETRÔNICA: AINDA UMA DISCUSSÃO VIÁVEL?

Por Alexei Michailowsky 
Doutor em Música pela UNIRIO 

Com o acelerado desenvolvimento tecnológico experimentado pela indústria dos instrumentos musicais eletrônicos entre as décadas de 1960 e 1980, diversas novas possibilidades foram disponibilizadas aos usuários. E tanto nos círculos mais experimentais quanto na música pop, elas foram incorporadas e exploradas.

Dentre essas possibilidades, destacou-se o uso dos sequenciadores musicais em estúdio e nos palcos. Esses equipamentos, cujo conceito é o mesmo dos realejos do século XVIII e das pianolas popularizadas entre 1876 e 1924, já estavam presentes nos primeiros sintetizadores modulares fabricados por Robert Moog e Don Buchla e incorporaram tanto tecnologias voltadas para a integração e o gerenciamento de verdadeiros estúdios fixos ou móveis de música eletrônica compostos por múltiplos instrumentos musicais  quanto de armazenamento e envio de dados. Isso se acentuou com o advento dos microprocessadores digitais e do padrão unificado MIDI. Na primeira metade dos anos 80 os sequenciadores, outrora disponíveis exclusivamente em hardware, foram transportados para os microcomputadores em versão software.

Por outro lado esses equipamentos causaram controvérsias e debates às vezes inflamados, pela quebra da relação direta entre os sons produzidos e percebidos e os gestos corporais dos músicos. Esta representa a essência do que foi consagrado como “música orgânica”: aquela que é feita por pessoas cantando ou tocando seus instrumentos em tempo real, sem intervenções de máquinas. Para os seus defensores, não importa se os instrumentos utilizados sejam acústicos, eletrificados ou mesmo eletrônicos: a interface estabelecida entre o músico e o seu instrumento deve determinar uma conexão pela qual o último evidencia-se pelas ações realizadas como uma extensão do corpo do primeiro (ou simplesmente é parte desse corpo, como no caso da voz). Nenhuma plateia tem dúvidas sobre o fato de que aquele som provém de um gesto daquele instrumentista, naquele local e naquela hora.

A música executada automaticamente por intermédio de uma máquina ou envolvendo alguma forma de reprodução sonora levou os pesquisadores acadêmicos Trevor Pinch e Karin Bijsterveld a lançar a seguinte questão: quem deve ser aplaudido numa apresentação musical onde essa situação é apresentada? Os homens ou as máquinas? Pois não raro o que as plateias testemunham, naqueles determinados local e instante, são as atuações das máquinas. Numa instalação sonora, o músico pode nem estar presente: sua participação ocorreu antes, possivelmente em outro lugar, programando e preparando o equipamento. E em certas apresentações de música eletrônica ao vivo o executante está sobre o palco, mas sua conexão com o instrumento assume uma natureza predominantemente mental e baseada na escuta. É o que podemos compreender no discurso de Dino Vicente, um importante pioneiro da música eletrônica no Brasil:

- Meu instrumento é o estúdio de música eletrônica. Ali, a junção de todos os instrumentos acaba gerando um hiper-instrumento complexo, formado por diversos aparatos (os equipamentos individuais), com vários sistemas operacionais distintos – eu procuro não implantar um sistema operacional mestre – e no instante da performance preciso dar conta desses vários sistemas... Esse hiper-instrumento foi se desenvolvendo ao longo dos anos. O trabalho nunca está acabado. Envolve sempre novas configurações e sempre, praticamente todos os dias, preciso colocar tudo funcionando. Como um agricultor, preciso plantar e colher. E nesse exercício cotidiano preciso estar sempre atento a fatores como as conexões, a disposição física de cada instrumento, a ergonomia. Eu faço parte do sistema. O Dino pilota a máquina mas a máquina também pilota o Dino e diz a ele o que deve fazer.
Por outro lado, podemos observar a preocupação da indústria de instrumentos musicais eletrônicos em desenvolver interfaces “orgânicas” para alguns de seus produtos. Após o advento do turntablismo (uma prática “orgânica” surgida a partir da subversão de uma tecnologia desenvolvida para reprodução de sons previamente gravados e que aproximou os DJs das práticas características dos instrumentistas), percebeu-se que havia espaço no mercado para novas interfaces capazes de aliar as duas perspectivas. Um exemplo está nos pads encontrados na famosa linha de samplers Akai MPC, onde o executante pode interagir com as automações sequenciadas na máquina em tempo real e disparar sons através de gestos corporais. Numa performance realizada com esses equipamentos – sendo que o hip hop e o funk carioca produziram virtuoses nos MPCs e em todos os equipamentos derivados dessa interface –estão em jogo a escuta, o domínio do sistema operacional da máquina e a destreza com uma interface destinada à execução em tempo real.

Diante do panorama colocado diante dos nossos olhos nos dias de hoje podemos então afirmar que a discussão envolvendo a música eletrônica e a música orgânica, colocando-as em polos distintos, caiu por terra. Uma não ameaça nem anula a outra. O artista pode escolher suas interfaces com seu instrumento, ou mesmo criá-las ou customizá-las, a partir de uma delas ou mesmo de ambas reunidas. E concentrar-se, bem como o seu público, no que realmente importa na arte: a expressão de conceitos e ideias.

terça-feira, 8 de abril de 2014

O QUE ACONTECE POR TRÁS DO PROJETO ORQUESTRA VERMELHA

O projeto Orquestra Vermelha, de Matheus Leston, recria um show ao vivo, no palco, apenas com gravações de som e imagem. Os instrumentos, luzes e figuras são controlados em tempo real e Leston é o único membro de uma banda completa.
Os músicos Eddu Ferreira, Gustavo Boni, Mauricio Fernandes, Paulo Braga, Richard Fermino e Sam Tiago tiveram suas participações gravadas em estúdio. Cada um ganhou a liberdade para criar e mesmo sem se conhecerem, tocam todos juntos.

Para entender melhor, veja como foi o processo no estúdio. O projeto convida o público a se questionar sobre o que é realmente música ao vivo. Vem ver:



segunda-feira, 7 de abril de 2014

SONORIDADE, IMAGENS E ALGORITMOS: CONHEÇA O PROJETO MINDSCAPES, DE FERNANDO VELÁZQUEZ

Fernando Velázquez traz ao Kino Beat o projeto Mindscapes. O artista uruguaio já percorreu o Brasil e o mundo arrecadando prêmios por onde passou. O projeto que combina música e vídeo tem como ponto de referencia a atividade cerebral. 

Mindscapes é na verdade uma grande viagem pessoal ao meu imaginário, a forma como me relaciono com o mundo, com as imagens, com as coisas”, conta Velázquez em entrevista ao blog.

Ficou curioso? Vem ver:

Como surgiu a ideia do projeto Mindscapes?
Um dos tópicos que tangência minha pesquisa artística é a percepção, o modo em recebemos, analisamos e interpretamos o mundo.

Lendo o Oliver Sacks, o Antonio Damasio, e outros me surgiu a idéia de trabalhar a ideia de paisagens mentais desde uma perspectiva estética.

Como funcionam as imagens generativas?
Quando nós utilizamos um software de computador criamos arquivos, cada vez que abrimos estes arquivos estes se nos apresentam da mesma maneira que os deixamos a última vez que os salvamos. Este comportamento tem uma certa analogia com a materia. Poderíamos dizer metaforicamente que apesar ser compostos de invisíveis 0 e 1, eles existem como matéria, estão ali arquivados e vão se comportar sempre da mesma forma. Nos processos generativos o que existe é um script ou algoritmo que é rodado em tempo real, o arquivo em se responde também a analogia antes proposta, mas o que ele produz não, terá sempre um comportamento diferente. No caso das imagens generativas de Mindscapes, as mesmas surgem de manipular parâmetros de um algoritmo pré-programado. Trabalha-se neste caso mais do que com o conceito de edição, com a ideia de emergência onde no lugar de reorganizar o conhecido o artista explora o desconhecido, ou melhor, o possível dentro daquele algoritmo que ele programou.

Como a arte e os algoritmos, que em princípio são campos distintos, se relacionam neste projeto?
A relação da arte com a tecnologia do seu tempo é uma constante histórica. Falando especificamente em bits e bytes há mais de 40 anos de história da arte realizada com computadores. Não há nada em particular neste sentido no que remete à performance.

A atividade cerebral é o ponto de referência para o projeto, como a sonoridade e as imagens se encaixam neste contexto?
Nesta série me interessa traçar analogias entre o comportamento do cérebro e a estética. Não há um interesse literal em traduzir um no outro. Eu não utilizo dados nem medições em tempo real por exemplo. Neste sentido há uma série de equipamentos e todo um imaginário com base na realidade (topografias, raios x, etc). O meu interesse é utilizar metaforicamente esta estrutura (o conceito de rede neutral sobre tudo) para explorar estas ideias em forma de audiovisual.

O que o Mindscapes se propõe em apresentar para o público?
Acredito que a arte esteja no mundo para nos ajudar a entender as nuanças, as sutilezas e a complexidade do mundo em que vivemos. Sempre que eu apresento um trabalho artístico aspiro a tocar o espectador de forma a que ele questione as próprias crenças, intento provocar outros pontos de vista sobre este o aquele assunto. Mindscapes é na verdade uma grande viagem pessoal ao meu imaginário, a forma como me relaciono com o mundo, com as imagens, e com as coisas.

sexta-feira, 4 de abril de 2014

AQUECIMENTO KINO BEAT: 5 LINKS DE IMAGEM QUE VOCÊ NÃO PODE PERDER

Pra ir aquecendo para o Kino Beat, separamos 5 links que você não pode deixar de conferir antes de ver o Festival de perto. Olha só:

Creators Project apresenta o trabalho de Fernando Velázquez se baseando em suas imagens generativas e vídeos.

Sun Ra - Strange Celestial: O jazzista experimental que inspirou Diego Abelardo, uma de nossas atrações. Escute o álbum na íntegra no YouTube.

Sessão de gravação com o baterista Sam Tiago, baterista da Orquestra Vermelha.

Fernando Velázquez se inspirou para Mindscapes lendo um dos trabalhos de Oliver Sacks, um neurocientista inglês. Tempo de Despertar, um dos filmes de Sacks, virou um filme com Robert de Niro.

“Night Lights” é uma canção do carioca Secchin, que leva a participação de Maria Luiza Jobim, do duo Opala. A música é fantástica, mas o clipe, surpreendente. Vale dar uma olhada.

quinta-feira, 3 de abril de 2014

DO RUÍDO (NOISE) À MÚSICA ELETRÔNICA ATUAL


A música como conhecemos é um privilégio dos dias atuais. Nossos ouvidos podem reconhecer milhares de sons diferentes e combiná-los de forma harmônica. A variedade de sonoridades aumentou gradativamente com a industrialização – e o mundo nem sempre foi um lugar tão barulhento. 

L'arte dei rumori (A Arte dos Ruídos) foi escrito por Luigi Russolo, em 1913, e fala exatamente sobre isso. De acordo com o italiano, os primeiros ruídos surgiram no século XIX, com o surgimento da máquinas industriais. Antes disso, o mundo era quieto – não silencioso. O som que pontuava a terra vinha de atividades naturais como a chuva e cachoeiras, mas não era prolongado, constante ou variado. 
Russolo atribui a evolução musical à multiplicação de máquinas. A música caminha para uma polifonia mais complicada à medida que a variedade de timbres e tons crescem – o que encorajava os músicos à criação. 

Artistas experimentais como John Cage e Pierre Henry consideram Russolo o precursor da música eletrônica contemporânea. E para provar sua própria teoria, Russolo construiu os instrumentos para a sua orquestra, Intonarumori.

A partir do estudo A Arte do Ruídos, a música passou a ser vista e pensada de maneira diferente. Russolo sugeriu que o homem moderno tem grande capacidade de apreciar sons mais complexos. E ele estava certo. 

quarta-feira, 2 de abril de 2014

AS PERFORMANCES AO VIVO NO FESTIVAL KINO BEAT

Uma das propostas do Kino Beat é desmistificar a ideia da Música Eletrônica como uma “música de festa”, “música para se ouvir em festa”. Todas as apresentações do Festival acontecem no Teatro do SESC, onde o público pode curtir as atrações no conforto de um teatro, trazendo assim uma proposta poucas vezes vista na cidade.

Além disso, é importante ressaltar o quanto o fato das performances serem ao vivo influenciam no resultado final dos concertos. Influências de público e do ambiente transformam a apresentação em um momento único, ímpar.

Um dos grandes exemplos dessa ideia é Fernando Velázquez. Usando algoritmos generativos e técnicas de improvisação audiovisual em tempo real, ele cria a sua performance do projeto Mindscapes. A ideia é especular sobre tudo o que influencia no modo em como vemos o mundo, construímos o conhecimento e articulamos memórias.

Para entender melhor, dá só uma olhada no vídeo:

Festival Multiplicidade_02_2013 from Festival Multiplicidade on Vimeo.

Matheus Leston, da Orquestra Vermelha, acredita que  “algumas variações e decisões são feitas ao vivo e podem mudar a cada apresentação”. Ele ainda lembra que o seu show possui sim uma estrutura pré-concebida, já que “existe uma progressão, uma espécie de história que é contada, musical e visual”, afirma.

Por outro lado, Leston ainda lembra que a abertura para a improvisação e inspirações ao vivo pode parecer um tanto engessada, uma vez que a sua interação é feita com imagens já previamente editadas. Mas na hora da sua composição, ela teve um papel fundamental: “Os músicos, quando foram gravar suas participações, tocaram livremente, improvisando sobre as bases que eu havia criado. Essas gravações depois foram editadas. Ou seja, há uma inversão, pois há improviso, mas não é ao vivo”, lembra.

Outro ponto trazido pelo curador do Festival, Gabriel Cevallos, é o fato de que ao vivo (e sentado) a imersão do público é maior. “Pelo conforto de se estar sentando, a concentração e foco nos detalhes é diferente, é mais cerebral do que visceral, tem menos dispersão do que se fosse em uma festa”, lembra. “É um momento que pode-se ousar mais, pois não tem a necessidade da dança, dos deslocamentos, então são atrações mais sensoriais”, completa.

Partindo dessas crenças, o Kino te convida a conferir de perto – ao vivo e a cores – toda a nossa programação, que rola entre os dias 26 e 27 de abril. Para mais informações sobre o Festival, clique aqui.

terça-feira, 1 de abril de 2014

ORQUESTRA DE UM HOMEM SÓ: CONHEÇA A ORQUESTRA VERMELHA, PROJETO DE MATHEUS LESTON


Propor uma junção entre imagem e som, gerando uma sensação única. Essa é a proposta de Matheus Leston e o seu Orquestra Vermelha, projeto que se apresenta no Kino Beat na noite do sábado. A Orquestra é, na verdade, um quinteto, mas apenas um dos músicos está no palco. Os outros são sombras, exibidas em tamanho real em grandes telas de LED.

Batemos um papo com Matheus, que nos contou como nasceu o projeto, e como funciona o seu processo de composição musical e imagética. “A experiência é de uma banda tradicional, pois parece que os músicos estão no palco (tanto por causa do som quanto da imagem). É música eletrônica, mas não é”, afirma.

Ficou curioso? Chega mais:

Como surgiu a ideia do projeto Orquestra Vermelha?
A Orquestra Vermelha é o desenvolvimento de uma pesquisa que eu já havia começado em um outro projeto, chamado Ré: um show em que eu gravava e sobrepunha uma série de loops de guitarra, baixo e teclado, construindo as bases ao vivo. As melodias eram cantadas por outros músicos que haviam sido gravados e filmados em suas próprias casas, exibidos em duas grandes telas de projeção.

Quais foram as principais inspirações para o projeto?
Puxa, é muito difícil falar em inspirações diretas. Ele é o cruzamento de muitas coisas que tenho visto e pensado há muitos anos, tanto da música como de outras áreas e artes. Talvez eu possa citar como referências conceituais mais claras a geometria e a ocupação do palco do Kraftwerk, tocar na contra luz de maneira similar ao The Mole Show, dos Residents. Talvez a influência estética mais forte seja das artes: o minimalismo americano, Olafur Eliasson, Kurt Hentschlager. Musicalmente a coisa fica impossível de definir. Vai de Massive Attack a King Crimson, de música erudita a free jazz, de Motown ao pós-rock.

O projeto questiona a significância da apresentação ao vivo hoje em dia. Referente a esta discussão, pode-se chegar a alguma conclusão?
Na minha opinião não há uma conclusão, não há uma resposta, pois não acho que haja uma pergunta. A Orquestra Vermelha está bem no meio de uma encruzilhada das relações entre áudio e vídeo, playback e ao vivo, presença e ausência, improvisação e estrutura, luz e sombra, figura e fundo, base e solo. Essas relações nem sempre são harmoniosas. Pelo contrário, algumas são contraditórias e problemáticas. Ao invés de se decidir por um lado ou outro, a Orquestra acaba se tornando uma espécie de paradoxo, tentando ser as duas coisas ao mesmo tempo. Por exemplo: é ao vivo e é playback. Talvez essa seja a melhor posição para evidenciar essas contradições. Minha única conclusão é que refletir sobre a forma de uma apresentação é cada vez mais importante.

Como funciona o processo de composição musical do projeto?
Assim que saiu o resultado do Programa Rumos (do qual o projeto faz parte) em dezembro de 2012 eu comecei a vasculhar meus HDs e juntar todos os rascunhos e anotações musicais que pude encontrar. Eu tenho grande dificuldade com composição, não consigo iniciar uma música, desenvolvê-la até o final e, em certo ponto, declará-la terminada. Acabo tendo ideias, gravando pequenos fragmentos e abandonando-os, sem nunca fazer nada com eles.

Eu selecionei, editei e trabalhei sobre os fragmentos que achei. No fim desse processo, tinha uma série de loops (e não músicas estruturadas) bastante simples. A partir dai começaram as gravações: apresentava esses loops para um músico, que gravava livremente sobre eles o que achasse melhor. Eu editava essa gravação e apresentava para o próximo músico, e assim por diante.

Depois das gravações dos seis participantes, eu ouvi tudo o que havia sido gravado e editei todo o material. Em muitos casos as músicas haviam se transformado totalmente e já não tinham nada a ver com a base inicial. E com todo o material editado, fiz várias experiências e versões até chegar na estrutura final do show.

E a composição das imagens do projeto, se deu de forma semelhante?
Os vídeos exibidos ao vivo são as imagens reais das gravações. Enquanto os músicos gravavam eles também eram filmados em frente a um fundo branco, na contraluz. Ao editar o áudio eu também editava o vídeo, para manter a sincronia. E com o show estruturado musicalmente, passei a trabalhar as imagens e definir as cores, criar alguns efeitos e programar a iluminação, que também é controlada ao vivo.

Qual a relação entre música e imagem no Orquestra Vermelha?
Eu parto do princípio que audição e visão são totalmente interligadas. Não tenho dúvida de que o som muda a maneira como nós entendemos uma imagem. E o contrário também é verdade: nós ouvimos de maneira diferente de acordo com o que estamos vendo. Por isso eu penso que um show é sempre uma experiência visual, mesmo quando não há efeitos cênicos, vídeos, iluminação. O próprio fato de ver um músico tocando faz com que a gente ouça de maneira diferente.

Na Orquestra Vermelha essa relação é levada ao extremo e posta em primeiro lugar. Os vídeos não são apenas um acompanhamento das músicas, eles são parte integrante do espetáculo.

A música eletrônica abre espaço para o experimentalismo. O que isso acrescenta ao processo criativo e ao resultado final?
A relação entre música eletrônica e instrumentos tradicionais também é uma das possíveis contradições da Orquestra. Não seria errado dizer que é um show eletrônico: estou apenas eu no palco com computadores. Todas as gravações dos outros músicos são samples digitais. Porém a experiência é de uma banda tradicional, pois parece que os músicos estão no palco (tanto por causa do som quanto da imagem). É música eletrônica, mas não é.

segunda-feira, 31 de março de 2014

O QUE É O KINO BEAT

Movimento+ Batida. Unir arte e música contemporânea. De uma ideia que parece ser incialmente simples, nasceu o Kino Beat, Festival que investiga a relação entre o som e a imagem. Kino vem da tradução em grego para movimento e do alemão cinema. Já Beat vem do inglês batida e ritmo do som.

O Kino Beat foi criado pelo produtor cultural e DJ Gabriel Cevallos com o intuito de explorar temáticas ligadas à imagem e à música contemporânea. Além disso, o Kino ainda pretende debater e estudar os desdobramentos da arte digital, como a tecnologia de imagens generativas, e, no som, experimentações de música orgânica e eletrônica.

O projeto nasceu em formato de mostra cinematográfica em 2009, já sob a curadoria de Gabriel Cevallos, criador do projeto. Em 2014, a primeira edição do Festival vai revelar atrações inéditas na capital, como Opala – banda formada por Lucas de Paiva e Maria Luiza Jobim, filha do mestre Tom Jobim – e o premiado artista Fernando Velásquez, uruguaio radicado no Brasil.

Para entender melhor a iniciativa, conversamos com Cevallos, que explica melhor a ideia do projeto.

O Kino Beat nasceu de uma inquietação tua? Da onde surgiu a ideia de fazer o Festival?
A marca Kino Beat nasceu em 2009, quando eu trabalhava como estagiário na CCVF - Coordenação de Cinema, Vídeo e Foto da Secretaria Municipal de Cultura. Fui instigado a fazer um projeto em que eu pudesse coordenar, e foi quando nasceu a Mostra Kino Beat de filmes relacionados a música eletrônica.

No ano seguinte, saí da CCVF mas o projeto continuou com mais 2 Mostras de Filmes, já abertas ao universo da música como um todo. Paralelamente surgiu o Kino Beat ao Vivo, projeto de performance audiovisuais, em formato de show, espetáculo, com experimentações entre som e imagem. O Festival é uma evolução da programação e formato do que começou em 2009, centrando nessa 1˚ edição somente em shows, mas para as próximas edições já pensamos na exibição de filmes, palestras, exposições. Mas sim, ele é fruto da minha inquietação de querer trabalhar e expor um conteúdo de arte alternativo na cidade, de ser um espaço pra quem goste de se surpreender, conhecer artistas e propostas artísticas que busquem a novidade na invenção.

E quais são os maiores desafios do Festival?
Além dos mais diretos que é realmente sair do papel, ter grana pra fazer e espaço, por isso esse parceria com o SESC POA é tão imporantente, é transparecer de forma clara e objetiva suas intenções para um público novo e pro próprio público já iniciado. É ser visto como uma plataforma séria de proposição cultural pra cidade, a de oferecer algo para o povo que não seja o de sempre, e ter um espaço cada vez maior pra isso, seja na mídia ou no imaginário das pessoas.

Como foi a recepção do público na primeira mostra? Qual é a tua expectativa para a primeira edição do Festival?
Todas as 7 edições entre Mostra KB e KB ao Vivo foram sempre muito boas, seja de público, proporcional ao seu tamanho, e até de mídia. O interesse sempre veio com bastante curiosidade e aceitação, principalmente de quem já consome esse tipo de arte, que é carente de ações parecidas na cidade. Minha expectativa é ótima, o projeto cresceu e com isso a programação pode ficar um pouco maior também. Nomes de fora, atrações relevantes, isso movimenta a ceninha um pouco. A previsão de ao menos mais 2 edições ao longo do ano já confirmadas e a possibilidade de mais outras também me anima bastante, por deixar o projeto ativo e vivo o ano todo, movimentando cada vez mais a cidade, ampliando público e a marca.

Quais são as influências do Kino? Em que Festivais gringos ele se espelha?
As influências são muitas, tão grande quanto o mundo da arte pode ser. No meu sonho o KB pode se tornar como uma grande bienal onde todo tipo de manifestação de arte pode aparecer. Mas voltando pra terra, me espelho em festivais como Transmediale, Mutek, Sónar e os brasileiros Multiplicidade, Live Cinema, Novas Frequências e muitos outros.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Red Bull Music Academy apresenta Kino Beat ao Vivo no pátio do Museu Joaquim Felizardo

O Kino Beat ao Vivo é um evento que investiga as possibilidades de expansão do áudio e do visual através de performances multimídia executadas ao vivo. Em sua quarta edição se junta a Red Bull Music Academy para uma tarde/noite onde o foco será a música eletrônica autoral. Depois de edições passadas na Sala P.F Gastal da Usina do Gasômetro, no auditório do Instituto Goethe e na galeria Ecarta, o evento vai para rua e ocupa um espaço público, o pátio do Museu Joaquim Felizardo em clima de celebração a céu aberto.

Resgatar jóias perdidas da MPB com versões eletrificadas para a pista de dança, reverenciar o folk nacional, duelando viola caipira, cânticos religiosos com beats experimentais, reinterpretar a dance music americana e européia, processos criativos distintos que se utilizam da música eletrônica como meio para apresentar novas possibilidades musicais.

O Kino Beat ao Vivo nessa edição reverbera os conceitos da Red Bull Music Academy, que há 15 anos incentiva e puxa os limites da produção e concepção da música contemporânea.

O evento se propõem a apresentar ou simplesmente mostrar de outra forma um espaço para muitos desconhecido, encravado no coração da Cidade Baixa o Museu Joaquim Felizardo, que estará aberto para visitação, abriga parte da história da cidade, além de possuir um amplo e agradável pátio

Atrações:

Psilosamples Live
Psilosamples é o projeto autoral do mineiro Zé, nascido e criado no inteiro de Minas Gerais. Sua vivência do interior rural são percebidas em seu trabalho, nas releituras e remixes entre a cultura tradicional brasileira e sonoridades como, eletrônica, rave, eletroacústica, psicodelismo e techno em particular. Em 2012 Psilosamples lançou no Brasil e Japão seu terceiro álbum, Mental Surf, pelo selo musical Desmonta. No mesmo ano Psilosamples participou de festas e festivais mundo a fora, como o festival Sónar em Barcelona e na sua edição nacional em São Paulo, um dos principais festivais de música no mundo.

https://soundcloud.com/psilosamples

Carrot Green Live
O produtor carioca Carrot Green faz música que transita pela House Music, mas após escutar seus sets e produções fica difícil defini-lo nomeando apenas um estilo. De clássicas batidas 4x4 para pista de dança, saem desde misturas étnicas a flertes com batidas lentas, enveredando para diferentes caminhos em cada ocasião. Foi um dos representantes brasileiros na Red Bull Music Academy 2013 em Nova Iorque.

https://soundcloud.com/carrotgreen

Lazy Kiss Live
Com uma apresentação baseada em faixas próprias, edits, remixes e guitarra tocada ao vivo, a dupla de Porto Alegre Marco Kothe e Caco Veloso resgata timbres do passado para fazer música do presente. Um retalho dançante de Electro-house-ítalo-funk-disco-soul.

https://soundcloud.com/lazykiss

DJ Landosystem
DJ residente e produtor da festa Disc-o-Nexo, sustentando por quase 7 anos uma das principais referências da nova musica eletrônica no Estado.

https://soundcloud.com/landosystems

Intervenção:

Chico Machado e o carrinho de mão alegórico
O artista multimídia e professor de artes visuais da Universidade Federal de Pelotas leva seu carrinho lúdico de arte cinética pra rodar sobre a verde grama no pátio do Museu.

http://chicomachado.wordpress.com/videos-registro-de-obras-cineticas/

Serviço:
Sábado 07 de dezembro
16h até ás 21h
Pátio do Museu Joaquim José Felizardo
João Alfredo, 582 - Cidade Baixa
Aberto ao público
Bar no local - aceita cartão
Não será permitida a entrada com comida e bebida
Em caso de chuva o evento será transferido

www.kinobeat.com
http://www.redbullmusicacademy.com/

Histórico do Museu Joaquim Felizardo:
http://www2.portoalegre.rs.gov.br/smc/default.php?reg=4&p_secao=19

Realização: Kino Beat
Apoio: Cidade Baixa em Alta